São Paulo


No sábado à noite fomos jantar no Restaurante Maní. A casa pertence à Fernanda Lima, Pedro Paulo Diniz e Giovana Baggio, mas o importante é a cozinha tocada pelo casal de chefs Helena Rizzo e Daniel Redondo. Ano passado Ferran Adrià, seu braço direito no El Bulli Oriol Castro, Arzak e outros participaram de um jantar no Restaurante e saíram fazendo elogios ao casal de chefs, pelo equilíbrio e a leveza de seus pratos e aos ingredientes utilizados. De fato, a comida servida no Maní supera as expectativas.

Pães e o biscoito de polvilho

Pães e o biscoito de polvilho

Couvert

Couvert

 

 

 

O couvert é bastante despretensioso, mas nem por isso não é interessante. Pãezinhos, biscoito de polvilho (uma sofisticação do biscoito O Globo das praias cariocas), manteiga, queijo de cabra e coalhada e um palitinho de queijo parmesão. Nada de outro mundo, mas bem gostoso.

Eu pedi um menu da estação especial, composto de entrada, dois pratos principais e uma sobremesa. A entrada é o espetacular “ovo perfecto”. Como o cardápio informa é um ovo cozido a 63° por 2,5 horas acompanhado de espuma de pupunha. Divino. Impressionante a textura do ovo e a riqueza de sabor da espuma. Todo crítico dos espanhóis deveriam provar esta maravilha. Após comerem este ovo amarão as espumas desde criancinha.  

Ovo "Perfecto" com espuma de pupunha

Ovo "Perfecto" com espuma de pupunha

 

 

 

O primeiro prato principal foi um peixe do dia a baixa temperatura no Tucupí. Outra delícia. Depois disso, uma rabada com purê de grão de bico. Novamente maravilhoso. Minha companheira foi de Bobó do Maní, que são camarões grelhados sobre purê de mandioquinha e leite de coco ao molho de cogumelos. O prato estava bom, mas comprado aos outros dois deseja bastante a desejar.

Peixe do dia

Peixe do dia

Rabada com Purê de grão de bico

Rabada com Purê de grão de bico

 

 

 

De sobremesa pedi a tradicional espuma de nutella com sorvete de gengibre. O equilíbrio era perfeito, pois a nutella muito doce contrastava com o gengibre trazendo uma grande harmonia de sabores. A outra sobremesa foi uma infusão de frutas vermelhas com especiarias acompanhadas de sorvete de baunilha. Boa também, mas inferior a de chocolate.

Espuma de Nutella com sorvete de gengibre

Espuma de Nutella com sorvete de gengibre

Para saber mais do Maní, dos seus chefs e do cardápio vale entrar no site do Restaurante, que é muito bom cheio de informações. O preço não é baixo é claro, como nem poderia ser pela proposta, mas não chega a ser proibitivo. A conta para couvert, entradas, 3 pratos principais e sobremesas ficou em torno de R$ 250,00. Com certeza o Maní está entre os melhores restaurantes que tive a oportunidade de visitar. Sempre que possível voltarei.

Anteriormente já escrevi sobre o Restaurante Mocotó. Se alguém quiser ler o post é só clicar. Neste final de semana voltei lá e o tour gastronômico foi dos mais fortes.  Experimentamos de tudo… Ficam algumas fotos dos excelentes pratos da casa.

É longe. Mas muito longe mesmo. Fica na Zona Norte, Vila Medeiros. Mas é barato. Barato mesmo. O taxi, ida e volta dos Jardins, custou o dobro da conta. Mas vale muito a pena. Já tinha ouvido falar do Mocotó diversas vezes. A Chef Roberta Sudbrack adora e por mais de uma vez a vi elogiar muito a casa.

Restaurante tradicional de comida nordestina foi inaugurado em 1973. Sempre foi sucesso no bairro e ao longo dos anos obteve sua cativa clientela. Porém, o sucesso mesmo, veio quando o filho do pernambucano Zé Oliveira, criador do Mocotó, assumiu a direção da casa.

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Rodrigo Oliveira, 29 anos, formado em gastronomia pela universidade Anhembi é o responsável pela repaginada do Mocotó. O segredo foi manter a essência da culinária típica sertaneja e acrescentar um toque pessoal inspirado na alta culinária.

Hoje o Chef é “cult”. Ano passado ganhou o prêmio Chef revelação do concurso da Revista “Prazeres da Mesa”. Se antes já estava badalado, agora é sensação… O “Financial Time” incluiu o Mocotó conjuntamente ao D.O.M., Tordesilhas e Brasil a Gosto, como os grandes destaques da gastronomia paulistana. Cozinhou para Ádria. Está em todos os blogs, revistas e jornais. Mas de fato a proposta é muito interessante e o resultado é excepcional. Este ano o Mocotó abre uma filial em Recife. Um enorme desafio.

Enfim, depois de uns 40 minutos num domingo de total calmaria cheguei ao Restaurante. Achei que fosse cedo, eles não aceitam reserva, mas às 13hs a fila na porta era imensa. A casa é muito simples, parecendo um clássico botequim. Porém, mesmo com um monte de gente na calçada, no balcão, encostada nos carros, o atendimento é ótimo. Não tinha esperança, mas alguns poucos minutos depois, bebia uma Original e comia um Atolado de Frango. Minha primeira experiência pela culinária brasileira do Mocotó foi boa. Como não sou muito chegado a frango, gostei bastante, mas nada de outro mundo.  

Rapidamente conseguimos um micro espaço no balcão e iniciamos nossa “degustação”. O restaurante serve seus pratos em tamanho mini, pequeno, médio e grande. Assim, voce vai de mini em mini… O preço? Entre R$ 3,00 e R$ 8,00. São os tradicionais Baião de Dois, Caldo de Mocotó, Mocofavada (caldo de mocotó com favada), Favada, Sarapatel e Feijão de corda. Para uma entrada pedimos uma Tapioca de Carne Seca. A massa é espetacular, com muita carne seca, requeijão-do-norte cremoso, crocante de mandioquinha e especiarias. Como pode uma tapioca ser tão boa!

Bom, depois veio um Baião de Dois. A porção pequena, algo em torno de R$ 6,00 é nada menos que um prato cheio. Enorme. Novamente uma agradável experiência. Um arroz soltinho acompanhado de feijão branco, queijo coalho, lingüiça, bacon e carne-seca. Depois disso estávamos cheios, mas ainda teve espaço para um Escondinho de Carne Seca. Um purê de mandioquinha muito cremoso, bastante carne seca, requeijão e por cima um queijo coalho gratinado.  Não preciso mais dizer que também estava muito bom.

Escondidinho

Escondidinho

Bom. No final, um Pudim de Tapioca com Leite de Coco. Por cima uma calda de coco queimado. Adoro tapioca e fiquei feliz com o resultado.

Para fechar, a conta. Com duas cervejas Original, dois refrigentes e os 10%… Menos de R$ 50,00. Deve ser um dos melhores custos-benefícios do mundo… Recomendadíssimo. Vá sem pressa. Vá com mais gente e devagarzinho vá pulando de sabor em sabor… Para quem gosta de cachaça não deixe de ver a carta com quase 400 rótulos.

P.S. Como dito no post anterior, minhas fotos ficaram péssimas. Estas aí são divulgação.

www.mocoto.com.br

Bom, mais uma vez volto a escrever no meu blog. O motivo é nobre. Passei o final de semana em São Paulo e fui a dois lugares fantásticos, o Dalva e Dito, novo Restaurante de Alex Atala e o Mocotó (post futuro).

Nesta nova empreitada o principal chefe brasileiro conta com a parceria do Francês Alain Poletto (La Taverna). O restaurante levou quase dois anos para ficar pronto e o investimento ficou em torno de 6 milhões de reais. No futuro, os sócios pretendem abrir filiais em outras capitais do país, mas somente após o retorno do capital investido em São Paulo.

A casa é ampla, com um lindo bar no subsolo, onde se pode beber e pedir diversos petiscos tradicionais, como croquete de cordeiro, empada de moqueca, pastéis, coxinhas de frango, entre outros. A decoração é bem brasileira com um enorme painel de azulejos do Athos Bulcão e móveis de madeira de demolição. A cozinha é um espetáculo a parte, pois fica visível atrás de uma ampla parede de vidro.

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Negócios a parte, o restaurante é muito interessante. A idéia é a comida brasileira com cara da alta gastronomia internacional. O cardápio é 100% de pratos muito conhecidos. Os assados são a grande atração. De pernil, de cordeiro (em um corte especial), de frango, de galinha d´Angola, de contra filé, codorna e afins. Os acompanhamentos são os clássicos da cozinha pátria: arroz, feijão, farofa, batata, couve, etc… Além disso, alguns peixes de água doce e a tradicional moqueca.

Na primeira vez que fui tinha achado a comida muito boa, até porque não poderia ser diferente, mas não tinha achado nada especial. Talvez isso tenha acontecido porque fui logo após a abertura. Comi uma moqueca de peixe que estava mais ou menos. Porém, vale uma ressalva. A textura do peixe chamava muita atenção. Nunca tinha comido algo parecido. Talvez isso seja fruto da alta tecnologia usada no restaurante. Os equipamentos do Dalva e Dito são os mais modernos do mundo e as técnicas compõem-se da ampla utilização de cocção a vácuo e cozimento em baixas temperaturas.

Neste final de semana dei mais sorte. Comi o menu executivo de final de semana (R$ 72,00), incluindo entrada, prato principal e sobremesa.

A entrada é bem simples, mas gostosa. Pães (milho e centeio), manteiga e três pastas: feijão com bacon , abobora e berinjela com jiló. A pasta de feijão é servida gelada e com uma pimentinha cai muito bem. Aqui fica uma dica: pedir uma degustação de pimentas composta por quatro potinhos de diferentes pimentas brasileiras.

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Entre as quatro opções possíveis da entrada fiquei com o cuscuz paulista acompanhado de saladinha verde. O cuscuz estava muito bom, com camarãozinho e palmitos vinha finalizado com um vinagrete de casca de limão e pimenta biquinho.

O prato principal é o ponto alto da festa. Frango, pernil e contra filé. Para acompanhar, arroz, feijão, farofa, couve e batatas, todos servidos generosamente em pequenas cumbucas na mesa. O frango estava úmido, com uma textura irresistível, mas confesso que mesmo assim não morro de amores por esta carne. Mas o contra filé, acompanhado de um molho a base do próprio suco da carne é coisa de outro mundo. A revista Prazeres da Mesa deste mês colocou a receita, o que não significa nada, pois a cocção é no termocirculador ou forno com 100% de vapor a 60°C até atingir 58°C no centro da peça… aí deve-se resfriar rapidamente, etc, etc, etc… Impressionante a maciez e gosto do contra filé. Depois veio o Pernil. Igualmente delicioso, acompanhado de um molho de cebola, pimentões, tomates e especiarias. Não dá vontade de parar de comer.

As sobremesas que acompanham o menu são três… Na verdade nem lembro quais são, pois negociei uma troca por um generoso sorvete de tapioca. E como não poderia ser diferente, muito bom.

Bom. Na verdade, embora tenha gostado muito, não sei exatamente como classificar o Dalva e Dito. Saio de lá com a dúvida de como perceber nossos pratos de cada dia com esta roupagem hi-tech da alta gastronomia. Será que é muito melhor do que se come normalmente? E, principalmente, se o preço pago (R$130,00 com 3 Cerpas e um café) compensa. Acho que não vai ter jeito, terei que voltar outras vezes para sanar esta dúvida…

P.S. Fotos da internet, pois descobri que meu blackberry para fotografias não serve.

www.dalvaedito.com.br

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Peixe Saint-Pierre

Ir ao DOM é um privilégio. A cozinha de Alex Atala é sensacional. Na verdade, posso dispensar maiores comentários neste post, pois qualquer coisa que escrever será redundante, pois todos conhecem a qualidade do chef.

Talvez o que poucas pessoas saibam é que de segunda a sexta o DOM serve, a um preço muito camarada, prato executivo. Pode-se escolher peixe, frango, escapole de filé, filé acebolado ou filé com ovo. A carne sempre vem servida em cima de uma banana à milanesa. Os acompanhamentos são sempre os mesmos: arroz branco, feijão preto, feijão roxinho, couve refogada com bacon, farofa e batatas sauteé. Tudo servido em fartas e deliciosas porções. Certamente o melhor PF que já comemos.

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Além disso, está incluído no preço o couvert composto de pães, coalhada, manteiga francesa, manteiga aviador e pasta de alho. E também de entrada uma saladinha de folhas.

Tudo isso, por R$ 42,00. Barato mesmo pode não ser, mas para um almoço no Atala o preço é muito generoso. No final, café a R$ 6,00 acompanhado de diversas pequenas guloseimas.

Tenha cuidado apenas com a sugestão de uma taça de vinho, pois pode ser servido um Don Melchior, um Almaviva, ou coisa parecida, por mais de R$ 50,00 a taça. 

Em 2005 Atala concedeu uma entrevista a Revista Época explicando o porque de servir feijão com arroz todos os dias no DOM. Vale a pena dar uma lida.

http://www.domrestaurante.com.br

Passamos o final de semana em São Paulo. Ficamos na capital só sexta e sábado, mas passar algumas horas por lá já vale a pena. Para quem gosta de gastronomia, a cidade é o paraíso. Lojas, mercados e os mais diversos e maravilhosos restaurantes do país estão por lá.

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No sábado fomos ao Mercado Municipal de São Paulo. Que lugar maravilhoso. Na verdade mercados em si sempre são muito interessantes de serem visitados. Toda vez que vou a SP faço um grande esforço para dar uma passada por lá.

O Mercado Municipal Paulistano foi inaugurado no 25 de janeiro de 1933, às margens do rio Tamanduateí, numa área de 12.600 m2. Em 2005 passou por uma grande reforma e virou um excelente programa nas manhãs de sábado e domingo. Na verdade um programão que pode ser repetido quantas vezes for necessário por quem adora comer e cozinhar.

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Sua arquitetura é um espetáculo a parte. São 55 vitrais em estilo gótico de Conrado Sorgenicht. A iluminação natural do mercado é outra coisa a ser olhada. O local possui um engenhoso sistema de clarabóias e telhas de vidro que garantem uma luz intensa no seu interior.

Ao todo são mais de 300 boxes, 20 ruas internas e diversos bares e restaurantes. Encontra-se de tudo por lá. Tudo mesmo. Difícil imaginar algum ingrediente que não tenha no Mercado. Falar do mercado é simples. ë só sugerir uma visita. Ninguém se arrependerá. Indo lá é que percebe-se a diversidade das coisas, suas cores, seus cheiros…

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http://www.mercadomunicipal.com.br